quinta-feira, 27 de julho de 2017

Seqüência da viagem em São Paulo

Em São Mateus, com o Gavião e o Val, achamos um cara que fabrica cabeçotes. Ele tinha um, feito pra motores a gnv, que esquentam mais, reforçado pra segurar sem vazar. A grana dava pra comprar, mas não pra colocar - é preciso retirar o motor pra fazer a troca. Depois andamos por São Mateus, vendo novos e antigos grafites da rapaziada do grupo OPNI.
Clara e o grafite em tela
A sensibilidade sobrevive na barbárie social e se manifesta nas paredes.
O amor feito da dualidade universal, o yin-yang do sentimento, na expressão da menina.
De São Mateus fomos e voltamos no evento da Vila Guilherme, um casarão cultural no momento, administrada pela secretaria de cultura do município. Foi uma casa de fazenda e tem bem o tipo, paredes grossas, teto alto, passagens em arco, escadaria na frente. Um pouco estranha à urbanidade que o tempo trouxe, cercada pelas ruas, casas e construções, absorvida por um novo contexto social, foi transformada em escola por muito tempo, várias gerações estudaram nela. Mas a escola foi fechada, no processo de permanente desvalor à educação, numa sociedade dominada pelos poucos que mais exploram a ignorância, a desinformação, a alienação geral. E por muitos anos permaneceu fechada, abandonada, sem manutenção. Até que a rapaziada do skate, do grafite, da pichação, os socialmente "errados", entraram e começaram a fazer atividades ali dentro. A repressão não podia se fazer de rogada, rolou direto. Mas contatos com advogados amigos, apoio de pessoas que se relacionavam com as instituições ditas "públicas", desinteresse mega-empresarial (ausência de "pressóes irresistíveis" ao sistema social), vários fatores combinaram pra que o casarão cultural se fizesse. Claro, com a imposição da administração "pública". O espaço foi conquistado, mas quem administra é o Estado. 

A exposição e a palestra rolaram em sintonia.

A casa imponente dá idéia do que deve ter sido, como sede de uma fazenda, provavelmente, de café.
A conversa começou mais cedo que o marcado, porque já tinha gente esperando e a exposição estava armada ao lado.
Essa era a sala ao lado. Bueno, ainda é.
Foi chegando mais gente, tivemos que trocar de sala, pro segundo andar. Teto mais alto, antiga área dos mais "nobres".
Um dia depois fomos pra Santos, não sem antes comprar dois cabeçotes pra kombi. Era o que tinha faltado na garibada dada em Inhaúma no motor, que foi aberto e tratado nos seus meandros mais profundos. A grana não dava. Na viagem arrumamos e, "coincidentemente", em São Mateus conhecemos o Walter, que fabrica cabeçotes e tinha feito um tipo exclusivamente pra motores movidos a gás natural veicular (gnv). Compramos e levamos, Walter nos indicou uma mecânica que lhe encomendava cabeçotes, do patriarca seu Miguel, seus filhos com ele e todos com mais de quarenta anos, mais os mecânicos que trabalhavam com eles, na Praia Grande. "Gente honesta" foi o código, a senha pra seguir a indicação.
O convite pra Santos foi de Rodrigo Santo, parceiro nas movimentações de palestras e dações de idéias pra coletividades diversas, dentro do sistema social de enquadramento pela educação. Figura ímpar, arrumou todas as condições pra passagem pela baixada santista, que desenrolou depois em outros acontecimentos, de domingo em diante.

Na saída de Sampa, o cinturão de sempre, dos imprescindíveis que fazem a cidade funcionar, sem ter acesso à consciência dessa realidade, da sua importância no cotidiano social. A foto, obviamente, é da minha parceira amoramante, Maria Clara.
A palestra na escola periférica foi de bom proveito, com muitos olhos brilhantes. Contra as condições, vocacionados dão seu jeito.                 Foto - Pedro Céu
Com essa cara de maluco, inda vou escrever um texto e fazer teatro. História pra contar não falta. Será que é teatro ou contação de histórias?                 Foto - Pedro Céu
Exposição no Gonzaga.   Foto Pedro Céu
Rodrigo Santo é esse de barba, ele que arrumou a licença pra expor. Foto Pedro Céu.
Palestra rola sempre. Foto - Pedro Céu.
Depois dos eventos ficamos por Santos. O domingo acabou numa periferia de Guarujá, em casa de amigas, segunda fomos pra São Vicente, depois de rara praia. Terça era a hora dos cabeçotes e aí começa uma outra história. Na oficina do seu Miguel encontramos Rildo, que montou os cabeçotes no lugar. De caprichoso, apertou demais as válvulas, eu vi, mas como sou inguinorante na mecânica, não disse nada. Saímos dali pra subir a serra e nas subidas o problema se mostrou. A potência caiu e tivemos que parar algumas vezes pra esfriar o motor. Na primeira parada no acostamento, o guincho da via apareceu pra oferecer a volta pra Santos. Recusamos ligando o motor, que funcionava perfeito. O cara foi embora e seguimos viagem até uma subida longa onde a segunda não tava mais dando. Paramos na entrada de um túnel e abrimos o motor pra esfriar mais uma vez. Até fumaça tava fazendo.
Serrando um parafuso grande pra ficar no caminho do eixo das várvula, o balancim.
Edson Estrada, o guincheiro, apareceu pra salvar a situação. Até passeio turístico no Museu do Ipiranga ele nos proporcionou, nos deixando em frente à casa dele, no Ipiranga, com caminho certo e fácil pra São Mateus.
O motor estava ótimo, mas não subia, aquecia. Nem um pingo de óleo. Edson do guincho parou sem a gente pedir, opinou sobre o motor, "tá bom o barulho, o motor tá ótimo". Contei sobre a troca de cabeçotes, ele concluiu que apertaram demais as válvulas, perigava o superaquecimento, era preciso regular melhor. O problema era a subida. E ele resolveu isso levando a gente até o centro de São Paulo, na porta da casa dele, de onde pra São Mateus eram pouco mais de quinze quilômetros. Chegamos e estamos. Amanhã Celestina vai ter as válvulas reguladas. Seguimos.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Um caminho em São Paulo

Saímos na quarta à noite e quinta estávamos em São José, expondo e conversando na Clínica Espelho Mágico - seu reflexo interior, com Denise e Haedyl na pilotagem do encontro. As fotos falam mais e o vídeo também.
Celestina, a kombi, fecha o ambiente na entrada.
E papo rola...
Roquenrou observa a exposição da janela do
quarto.
Gente chegou e saiu, todo o tempo.


Na sexta fomos pra Guarulhos, chegamos à noite e baixamos a exposição na Praça da Matriz. Dia seguinte fomos pro evento no Esco Bar, com música e exposição de vários artistas e artesãos.

No Esco Bar, exposição variada.
Atenção e participação não faltaram.
A Matriz está aí. E nós também.



A viagem segue, amanhã na Vila Guilherme. Estamos agora em São Mateus, em casa de amigos, e partimos pra Santos na quinta-feira, onde ficamos até pelo menos domingo. Depois seguimos viagem, rumo Itapetininga. A rota está sendo feita na caminhada, temos um plano geral e devemos estar em casa no princípio de agosto, pra recomeçar a produção. Temos no caminho Campinas, Ribeirão Preto, Franca, Belo Horizonte, Juiz de Fora já a caminho de casa. Nada planejado, vai depender de convite pra expor, depender dos lugares e possibilidades. Somos em quatro, mais uma kombi sem tranca.
Temos Piracicaba, Tatuí, Limeira no caminho, semana que vem, sem convite pra nada ainda. O plano era ir até Ribeirão Preto, em princípio. A ver o que rola. Coletivos são prioridade, mas vender também é, até pra seguir viagem e resolver as coisas da vida que exigem grana.   

quarta-feira, 5 de julho de 2017

A viagem decorre entre imprevistos e programações imediatas. Passamos por Volta Redonda, onde houve palestra e exposição. Conhecemos Max, o adestrador de cães, que nos arrumou uma consulta pro Roquenrou onde foi diagnosticada "alergia a pulgas", uma contradição pra um cachorro encontrado nas ruas de São Paulo. Medicamento caro, foi dado o derrame na grana das vendas. Dias depois ele parou de se coçar, já em Belo Horizonte, onde chegamos de manhã, depois de uma noite na estrada. Na madrugada, passando pela região da mineração de ferro, uma chuva forte marcou a kombi com o vermelho do minério - Celestina estava limpinha por um dos raros banhos, antes de sair de casa.
UFF, campus da Vila, em Volta Redonda.

Expusemos por dois dias na Praça Duque de Caxias, em Santa Teresa belorizontina, com bons encontros, conversas e vendas. Na terceira, encontramos a praça imersa em festa de São João, lotada, e não pudemos expor.

Fomos a Florestal, num campus da UFV (Viçosa), e fizemos exposição e palestra,

Voltamos de Florestal pra Contagem, onde fomos recebidos por William e Amapola, no dia anterior à exposição no Viaduto das Artes, no Barreiro. A exposição em si estava ótima, as artes cheias de sentimento, pinturas belas nascidas no coração dos artistas que estavam lá. Fui recebido como extra, entrei com a kombi e expus do lado de fora. Achei que o evento merecia maior público, pela qualidade, pelo nível da abordagem social, pelo engajamento e denúncia das injustiças cotidianas, das pressões e insatisfações em uma sociedade mentirosa, criadora de miséria e ignorância, que abandona pessoas e viola suas próprias leis.



Florestal foi uma das paradas nesta viagem centralizada em Belorizonte. Agora estou sem internet, na casa que está em obras, preparando viagem ao estado de São Paulo, durante o mês de julho. Começaremos por Sampa, estendendo pra Santos e, depois, por outras cidades até a fronteira com Minas.

Esta comunicação é pra dar satisfação aos que estão esperando o contato pra viagem, pra saber por onde vai o caminho. Vai desse jeito, improvisando no dia a dia. Não podemos saber como vai a kombi, ou dos percalços do caminho. Mas vamos assim, desse jeito.

Na seqüência de São Paulo, vamos terminar por Minas, no final do mês.

Comunico mais por aqui. E também pelo feice, https://www.facebook.com/eduardo.marinho.3152, meu feice pessoal.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.